Distante tantas léguas do meu canto
Quando eu canto minha goela da um nó
Na peleja longe do meu xodó
Aqui só o calendário me segura
Quando a saudade fere a criatura
Não cura nem com água de caju
Minha terra não sei viver sem tu
Nem dou tu nem por esse mundo inteiro
Eu sou jeca, matuto e beradeiro
Das brenhas do curimataú
Sinto falta do verso de cordel
Do céu que aqui se esconde na fumaça
E a retreta no coreto da praça
Onde passa uma rezada procissão
Ainda ouço as batida do pilão
Não esqueço o cheiro do beiju
Vou guardando as lembranças num baú
E desse baú me sinto prisioneiro
Sou jeca, matuto e beradeiro
Lá das brenhas do curimataú
Domingo e feriado espio o mar
Mas não sei nada dessa água salgada
Eu lembro d'água doce baldeada
Ajuntada do açude do vei joca
Onde as mulher lava a roupa de coca
E nas loca nos pesca saburu
Um paio de menino tudo nu
Chupando umbu na sombra de umbuzeiro
Eu sou jeca, matuto, beradeiro lá das brenha do curimataú
Mais eu volto pra lá, ainda volto sim
Vou ligeiro que nem coice de bacuri
Eu vou dançar forró no meu são João
Que nem o papa eu vou beijar o chão
Quero carregar milho no balai
Tomar uma na feira de mangai
Almoçar galinha de capoeira
Cortar gancho pra fazer balinheira
Ou coceira nos pés pra ir embora
Dando a hora eu descambo na carreira